A expectativa é de que antes de retomar nesta semana a agenda de viagens internacionais para Rússia e China, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) vai oficializar, nas próximas horas, a troca no comando do Ministério das Mulheres. A sul-mato-grossense Cida Gonçalves será substituída por Márcia Lopes, ex-ministra do Desenvolvimento Social e nome de confiança do petista.
O Correio do Estado obteve a confirmação, no fim da tarde de ontem, com exclusividade do deputado federal Vander Loubet (PT-MS). “Recebi a informação de Brasília (DF) de que a troca da Cida Gonçalves procede. Trocas ministeriais fazem parte de qualquer governo, dependendo muito do momento e de fatores políticos, então, é algo natural”, minimizou.
Ele ainda completou que no sábado, assim que soube da mudança do comando no Ministério das Mulheres, entrou em contato com Cida Gonçalves. “Enviei uma mensagem manifestando meu carinho e reconhecimento pelo trabalho dela à frente da pasta. Entendo que ela foi corajosa e comprometida no período e se dedicou integralmente às causas das mulheres, mesmo diante de tantos desafios e com recursos limitados”, pontuou.
Vander Loubet também revelou que a ex-ministra do Desenvolvimento Social, Márcia Lopes, foi convidada na semana passada pessoalmente pelo presidente Lula para assumir o comando do Ministério das Mulheres e que, na ocasião, os dois tiveram uma boa conversa.
Márcia Lopes já desembarca em Brasília hoje e a previsão é de que ela converse antes com Lula antes do anúncio oficial da saída da sul-mato-grossense Cida Gonçalves, sendo que, a princípio, o termo de posse será assinado em uma cerimônia apenas com o presidente.
Na sexta-feira, Lula conversou com Cida Gonçalves por cerca de meia hora e, oficialmente, a assessoria de imprensa do Ministério das Mulheres informou que a agenda tratou “sobre assuntos da pasta”, entre eles, a implementação da lei que trata da igualdade salarial.
No entanto, fontes do Palácio do Planalto já afirmavam que a reunião teria sido para comunicar Cida Gonçalves sobre a mudança no comando da pasta e que ela teria saído da audiência com o presidente bastante abalada. A demissão da ministra ocorre em meio a acúmulo de desgastes políticos e críticas internas à sua atuação no governo, que apontam pouca visibilidade do ministério.
A demissão já era dada como certa há alguns meses, diante de falas incômodas sobre a relação com a primeira-dama Janja da Silva, de quem a ministra é próxima e ministros. Ainda em fevereiro, a ministra revelou à Comissão de Ética da Presidência da República que costumava interromper a agenda para atender a primeira-dama.
Ainda nesse depoimento, Cida chegou a dizer que ignorava os chamados de dois ministros: Alexandre Padilha (à época, Relações Institucionais) e Márcio Macêdo (Secretaria-Geral da Presidência). Na ocasião, ela respondia a um processo, posteriormente arquivado no órgão, por suspeita de ter cometido assédio moral.
A ministra teria sugerido apoio financeiro a uma servidora para que ela se candidatasse nas eleições em 2026, em troca de silêncio em uma denúncia sobre racismo.
A mudança no Ministério das Mulheres será a quinta troca na Esplanada, sendo que a última delas foi na sexta-feira, quando o então ministro da Previdência, Carlos Lupi, decidiu deixar o governo em meio ao desgaste gerado pela “Operação Sem Desconto”, que revelou um esquema de descontos ilegais e desvios de recursos do Instituto Nacional da Seguridade Social (INSS).
Em janeiro, a primeira troca ocorreu na Secretaria de Comunicação Social da Presidência (Secom), quando Lula substituiu o então ministro, Paulo Pimenta (PT), pelo atual chefe da pasta, Sidônio Palmeira.
No mês seguinte, o presidente demitiu a então ministra da Saúde, Nísia Trindade, que foi substituída por Alexandre Padilha (PT). Na época, a saída de Padilha da Secretaria de Relações Institucionais (SRI) abriu lugar para a entrada de Gleisi Hoffmann (PT) na pasta.
No início do mês de abril, o ministro das Comunicações, Juscelino Filho (União-MA), pediu demissão do cargo, após ter sido denunciado pela Procuradoria-Geral da República (PGR) por supostos desvios em emendas parlamentares quando era deputado federal. O engenheiro civil Frederico de Siqueira Filho, próximo ao presidente do Senado, Davi Alcolumbre (União-AP), assumiu o cargo.
Correio do Estado