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Seca já destruiu 35% da área plantada de milho em Mato Grosso do Sul

milho mato grosso do sul

A segunda safra do milho em Mato Grosso do Sul segue acumulando perdas na produção para o ciclo 2023/2024. Afetada principalmente pela seca, 35,39% da área plantada do milho safrinha foram comprometidas. Dados do boletim Casa Rural, com base no Sistema de Informação Geográfica do Agronegócio de MS (Siga MS) indicam que 785 mil hectares já foram afetados.

A estimativa é colher 86,3 sacas por hectare, considerando os 785 mil hectares com avarias já identificadas nas lavouras, o Estado deixa de colher 67,5 milhões de sacas de milho neste ano. 
O estresse hídrico contribuiu para a projeção negativa de que a safra seja 19% menor na comparação ao ciclo 2022/2023. 

“A produção é estimada em 11,4 milhões de toneladas, uma queda de 19,2%, e a produtividade é prevista em 86,3 sacas por hectare, uma retração de 14,2%”, analisa o coordenador técnico da Associação dos Produtores de Soja e Milho de Mato Grosso do Sul (Aprosoja-MS), Gabriel Balta.

Em relação a área cultivada, também há uma estimativa de queda em relação à safra passada. No segundo ciclo do ano passado foram 2,3 milhões de hectares cultivados. Para a safra atual foram semeados 2,218 milhões de hectares, o que resulta em queda de 5,82% na área implantada.

Mesmo diante das interferências do clima o boletim destaca regiões onde as lavouras estão em boas condições, como é caso das porções oeste, centro, norte e nordeste, variando de 55,9 a 85,4%. As condições regulares nestas regiões variam entre 8,5% e 17,6%, e as condições ruins entre 6,1 e 29,7%.

As regiões sudoeste, sudeste, sul-fronteira e sul apresentam condições abaixo do potencial das demais regiões. Nestas áreas, pode-se encontrar lavouras onde boa parte se encontram em condições ruins. As áreas regulares variam entre 10% e 38,1%, e as boas condições estão entre 14% e 43,1%.

O presidente do Sindicato Rural de Dourados, Ângelo Ximenes acrescenta que o percentual de perdas na região Sul do Estado foram fortemente atingidos pela falta de chuva e altas temperaturas. “Acredito que dos 2,2 milhões de hectares que deve ter de milho safrinha, cerca de 1,3 milhão do sul do Estado, tenha se perdido 50%”, analisa.

COMERCIALIZAÇÃO

O analista de mercado da Granos Corretora, Carlos Ronaldo Dávalo, destacou ao Correio do Estado que a comercialização está em cerca de 22%. “O ritmo da comercialização está bem devagar, está muito lento”, pontua.

Davalo destaca que o preço praticado para o milho disponível neste momento para entrega em agosto, não agrada e não atrai o interesse do produtor. 

“O que a gente percebe é que esse cenário de safra, diferente do ano passado, que produziu 14,2 milhões de toneladas, criou uma expectativa no produtor de uma tendência de alta. E por isso o produtor, primeiro, está colhendo e entregando os seus contratos previamente negociados, e acreditando numa melhora dos preços aí pro segundo semestre”, explica.

Segundo análise de Davalo, a tendência é de que os preços para a saca de milho continuem estáveis e não ultrapassem a média de R$ 59, porém, fatores podem modificar o cenário. “O que poderia puxar um pouco os preços seria o mercado exportador, que estaa muito abaixo da expectativa do produtor”, pondera.

Com número considerado abaixo das expectativas do produtor as tendências de mercado indica, que  dificilmente haverá volume de saída para a exportação de milho em Mato Grosso do Sul, salienta o analista da Granos Corretora. Portanto, Davalo reforça que a expectativa é de que o próximo semestre conte com alta significativa a não ser que ocorram negociações diferentes das que estão sendo vistas. 

“A demanda interna do milho com a entrada do seguimento de etanol de milho está próximo de 7 milhões. Então, hoje, entre a produção e a demanda, tá muito apertado os números, sendo esse um outro fator que contribui com a expectativa de alta para o cenário. Criou-se uma expectativa que o produtor retome o risco”, completa Davalo.

Ele ainda destaca que diferente de Mato Grosso do Sul, onde houve uma redução na produção, Mato Grosso obteve quase que uma safra recorde com produção entre 48 e 50 bilhões de toneladas. “A gente vai assistir possivelmente o milho do Mato Grosso chegar aqui no Mato Grosso do Sul, que deve criar um parâmetro para o preço no Estado”, conclui o analista.

O economista do Sindicato Rural de Campo Grande, Rochedo e Corguinho (SRCG), Staney Barbosa Melo, acrescenta que o quadro de estabilidade, com quedas pontuais na última semana, onde a saca de 60 quilos em MS, conforme cotação da Granos Corretora foi comercializada a R$ 47,63 ontem, se explica também pela conjuntura internacional. 

“Commodities tem seu preço fortemente impactado pela dinâmica dos mercados externos, que acabam impactando nos preços do mercado interno”, detalha.

Melo pontua ainda que com o quadro atual, o produtor de MS acabará sendo afetado em duas frentes. “Quando finalizar a colheita, pois perderá na produção, pelo clima, e na comercialização, pela conjuntura de mercado que segue limitando novas altas”, finaliza. 

Correio do Estado

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