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MS finaliza debates e define contribuições para Conferência Nacional de Meio Ambiente

A 5ª Conferência Estadual de Meio Ambiente, realizada na quarta-feira (12) pela Semadesc (Secretaria de Meio Ambiente, Desenvolvimento, Ciência, Tecnologia e Inovação) no auditório da UEMS (Universidade Estadual de Mato Grosso do Sul), reuniu cerca de 300 representantes de 44 municípios sul-mato-grossenses para debater soluções sustentáveis diante das mudanças climáticas, além de definir contribuições à Conferência Nacional que ocorrerá no mês de maio em Brasília.

“Nós estamos aqui para tratar de questão climática, transição energética, resiliência de cidades, junto com os municípios, comunidades tradicionais, comunidades indígenas. A ideia é que o Mato Grosso do Sul, através de seus delegados, apresente uma proposta extremamente relevante na Conferência Nacional de Meio Ambiente”, comentou o secretário Jaime Verruck, da Semadesc.

O secretário reforçou que “todo esse caminho visa transformar o território sul-mato-grossense em um estado carbono neutro em 2030. Mas para isso, nós precisamos de um conjunto de ações vinculadas diretamente às comunidades, aos territórios. E é isso que nós estamos aqui discutindo e propondo. É a sociedade levando soluções para a questão da emergência climática”.

O evento contou, no período da manhã, com palestras de especialistas sobre justiça climática, resiliência e transição energética, educação ambiental e agropecuária sustentável, trazendo reflexões sobre os desafios e oportunidades para Mato Grosso do Sul. No período da tarde, os participantes se dividiram em grupos para finalização da redação das contribuições, seguido do encaminhamento com votação online para seleção de 20 propostas prioritárias, sendo 4 por eixo temático.

Compartilhando conhecimento

O meteorologista Dr. Vinicius Banda Sperling, do Cemtec (Centro de Monitoramento do Tempo e do Clima), apresentou dados sobre o aumento da temperatura global e a intensificação de eventos climáticos extremos, como secas e enchentes. Segundo ele, a capacidade adaptativa dos municípios brasileiros a desastres ainda é um grande desafio.

“O ano de 2024 já registra temperaturas recordes e eventos climáticos sem precedentes, como escassez hídrica atingindo cinco bacias hidrográficas do Brasil”, explicou Sperling. Ele enfatizou a importância de investir em infraestrutura resiliente, mapear áreas de risco e implementar estratégias para minimizar danos às populações vulneráveis.

O engenheiro florestal Me. Fábio P. Bolzan, assessor da Semadesc, abordou a necessidade de garantir que as soluções climáticas sejam justas e inclusivas. Segundo ele, as populações mais vulneráveis são as que mais sofrem os impactos das mudanças climáticas, apesar de terem menor responsabilidade sobre o problema.

“A crise climática também é uma crise de desigualdade. Precisamos de políticas públicas que assegurem a participação ativa dessas comunidades nas decisões e na implementação de medidas de adaptação”, destacou Bolzan. Ele ressaltou ainda a importância de mecanismos de financiamento climático mais justos e da criação de incentivos para políticas sustentáveis, como programas de Pagamento por Serviços Ambientais (PSA) e o REDD+.

A coordenadora de Transição Energética da Semadesc, engenheira ambiental especializada em Segurança do Trabalho e Energias Renováveis, Mamiule de Siqueira, apresentou os desafios e oportunidades da transição para uma matriz energética mais limpa e sustentável. De acordo com ela, a mudança para fontes renováveis, como solar, eólica e biomassa, é essencial para reduzir as emissões de CO₂ e garantir maior segurança energética.

“Mato Grosso do Sul tem um grande potencial para avançar na descarbonização, especialmente com o setor sucroenergético e o aproveitamento de resíduos da agropecuária”, afirmou. No entanto, a especialista alertou que o processo exige regulamentação eficiente, financiamento adequado e engajamento social para garantir uma transição justa e equilibrada.

O biólogo Luiz Henrique Ortelhado Valverde, representante da SED, conduziu a palestra “Políticas Públicas e Educação Ambiental: Caminhos para um Mato Grosso do Sul Sustentável”, dentro do eixo de governança e educação ambiental. Ele enfatizou a necessidade de criar mecanismos institucionais para controle social e gestão participativa, bem como a importância da educação ambiental para engajar a sociedade na resposta às mudanças climáticas.

O palestrante também mencionou políticas como a Política Estadual de Educação Ambiental, o Programa Estadual de Educação Ambiental e a Comissão Interinstitucional de Educação Ambiental de MS (CIEA-MS), reforçando a atuação do governo na formação de cidadãos mais conscientes sobre as questões socioambientais.

Por fim, o secretário-adjunto e secretário-executivo de Meio Ambiente da Semadesc, Artur Falcette, apresentou a palestra “Agropecuária Sustentável: Desafios e Avanços”, abordando a política estratégica do Governo do Estado de tornar Mato Grosso do Sul um estado carbono neutro até 2030.

Em sua palestra, Falcette destacou que o setor agropecuário é responsável por emissões significativas de gases de efeito estufa (GEE) e ressaltou a importância de estratégias para reduzir essas emissões, como a mudança no uso do solo e o aprimoramento das práticas agrícolas. O estado, segundo ele, é o único do Centro-Oeste a descarbonizar sua agropecuária nos últimos 20 anos.

“Fizemos uma jornada que começou com as conferências municipais. Tivemos a participação de 45 municípios de Mato Grosso do Sul, ou seja, mais da metade do estado, realizando suas etapas municipais e regionais. Nessas conferências, foram eleitos delegados e definidas as propostas que trouxemos para o debate estadual. Concluímos as discussões dessas propostas, e as principais serão disponibilizadas até amanhã (quinta-feira, 13 de março) no site oficial, permitindo que todos os delegados e os municípios que não puderam estar presentes participem da votação”, finalizou Artur Falcette.

Agora Mato Grosso do Sul deverá indicar seus representantes para a Conferência Nacional de Meio Ambiente, que acontecerá de 6 a 9 de maio, em Brasília.

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