O Governo do Estado de Mato Grosso do Sul e a República do Paraguai assinaram memorando se comprometendo a desenvolver estudos para implantação de um gasoduto que transportará o gás natural produzido no megacampo descoberto pela Argentina na localidade de Vaca-Muerta, na Patagônia, até Campo Grande. Esse ramal do viaduto de 1.050 quilômetros conectará a rede de distribuição da Argentina ao Gasbol (Gasoduto Brasil-Bolívia), atravessando o Paraguai pela região do Chaco, num traçado paralelo ao Corredor Rodoviário Bioceânico que está em fase final de construção e ligará o Brasil ao Chile.
O Memorando foi assinado na manhã dessa quarta-feira (19) pelo governador Eduardo Riedel e pelo ministro da Indústria e Comércio do Paraguai, Francisco Javier Giménez, durante o Encontro de Governadores que aconteceu no âmbito do Seminário Internacional da Rota Bioceânica, realizado no Centro de Convenções Arquiteto Rubens Gil de Camilo, em Campo Grande, entre os dias 18 a 20 de fevereiro. O secretário de Meio Ambiente, Desenvolvimento, Ciência, Tecnologia e Inovação (Semadesc), Jaime Verruck, e a diretora presidente da MS Gás, Cristiane Alkmin Junqueira Schmidt, assinaram como testemunhas e comporão o GT (Grupo de Trabalho) que coordenará os estudos.
“Essa equipe técnica que vai fazer o primeiro anteprojeto, o estudo de viabilidade do gasoduto. Mato Grosso do Sul precisa desse gás para o desenvolvimento da indústria. Então a ideia é trazer o gás que vem de Vaca-Muerta, passa pelo Chaco Paraguaio, pela mesma rota bioceânica. É um trecho plano, não tem rio, não tem vale, não tem montanha, para trazer esse gás. A obra é tripartite: 100 quilômetros da Argentina, 500 quilômetros no Paraguai e 450 quilômetros em Mato Grosso do Sul”, disse o ministro.
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O gás argentino pode chegar ao centro do mercado consumidor brasileiro (São Paulo-Rio de Janeiro) ao custo de 8 a 10 dólares o milhão de BTU, preço menor que os 13 dólares pagos pela mesma quantidade de gás boliviado, disse o assessor do Ministério da Indústria e Comércio do Paraguai, Juliano Franco.
“Generalizando, para o Brasil, esse duto deverá trazer gás natural a um 30% menos do que o Brasil está pagando hoje, impulsando a reindustrialização do país com o energético muito mais em conta e também impulsando novamente a indústria petroquímica, que hoje também está sofrendo os preços de saldo do gás no Brasil, como indústria de plásticos e outras”, ponderou.
A assinatura do Memorando fechou o Encontro de Governadores e se constitui no mais importante ato binacional firmado durante o Seminário. O secretário Jaime Verruck destacou o potencial de desenvolvimento que o gasoduto representará para toda região do Chaco paraguaio, carente de energia a preço competitivo; a geração de empregos e os benefícios diversos que advém de um empreendimento dessa natureza, sobretudo na produção de fertilizantes que são muito demandados pelo setor agrícola nacional.
A obra tem uma previsão de custo de US$ 2 bilhões, conforme o ministro Francisco Javier Giménez, e terá capacidade para transportar 30 milhões de metros cúbicos de gás natural. Conectará a rede de gasodutos da Argentina na localidade de Campo Durán, na província de Salta, e segue quase em linha reta até fazer conexão com o Gasbol em Campo Grande. Será a maior obra de infraestrutura de transporte de energia da América do Sul.
Cooperação
Ainda durante o Encontro de Governadores do Seminário Internacional da Rota Bioceânica, foi firmado entre o Estado de Mato Grosso do Sul e a Província de Jujuy, na Argentina, um Protocolo de Intenções em que os respectivos governos se comprometem a investir na integração industrial e produtiva, desenvolvimento de infraestrutura, cooperação nas áreas de saúde e educação e promover o turismo entre os dois Estados.
Assinaram o Protocolo de Intenções o governador de Mato Grosso do Sul, Eduardo Riedel; o governador da Província de Jujuy, Carlos Alberto Sadir; o secretário da Semadesc, Jaime Verruck, e o secretário de Integração Regional e Relações Internacionais de Jujuy, Pablo Fernando Palomares. O governador Alberto Sadir assumiu a coordenação pro tempore do Fórum de Governadores da Rota Bioceânica. Até então a função era exercida por Eduardo Riedel. O próximo encontro do grupo será em Jujuy, no mês de outubro.
Participaram do Encontro, além de Riedel e Sadir, os governadores Ricardo Díaz Cortés, de Antofagasta (Chile); Jose Miguel Carvajal Gallardo, de Tarapacá (Chile); Harold Bergen, do Departamento de Boquerón (Paraguai); Federico Arturo Méndez González, do Alto Paraguay (Paraguai); e Bernardo Antonio Zátare Rudas, do Departamento de Presidente Hayes, também no Paraguai. Além dos governadores e do ministro Francisco Javier Gimenes, estavam presentes: Rodrigo Maluff, vice-ministro de Comércio e Mauricio Bejarano, vice-ministro de Minas e Energia do Paraguai; Morgan Doyle, Alejandra Radl e Matías Parimbelli, do BID (Banco Interamericano de Desenvolvimento); assessores e técnicos dos quatro países servidos pela Rota Bioceânica.