Nesta quarta-feira (9), o secretário de Política Agrícola do Ministério da Agricultura e Pecuária (SPA/Mapa), Guilherme Campos, palestrou no XVIII Congresso Internacional da Associação Latino-Americana para o Desenvolvimento do Seguro Agropecuário (ALASA), realizado no Centro Internacional de Convenções de Brasília (CICB). Sob o tema “Experiências Internacionais em Seguros Agrícolas: EUA, China e Brasil”, o evento contou com representantes dos Estados Unidos e da China por videoconferência, promovendo um intercâmbio de estratégias para o setor.
Em sua fala, o secretário Guilherme Campos destacou os instrumentos de política agrícola do Mapa. “O ministro Carlos Fávaro que palestrou aqui ontem, foi muito assertivo na sua colocação a respeito da importância do seguro rural para o Brasil. O Zoneamento Agrícola de Risco Climático (Zarc) tem por finalidade melhorar a qualidade e a disponibilidade de dados e informações sobre riscos agroclimáticos no Brasil e, ao seguir suas orientações, os produtores aumentam a probabilidade de safras bem-sucedidas, reduzindo custos com perdas e otimizando o uso de recursos”, afirmou.
O ZARC, coordenado pelo Mapa em parceria com a Embrapa, identifica as melhores épocas e regiões para o plantio de diferentes culturas, com base em análises científicas de clima, solo e ciclos de cultivares. Seu objetivo principal é minimizar perdas causadas por eventos climáticos adversos, como secas, chuvas excessivas ou geadas, sendo um pré-requisito para que produtores acessem benefícios de programas como o PSR e o Proagro, já que muitas instituições financeiras exigem seu cumprimento para liberar crédito rural.
Outro programa apresentado pelo secretário da SPA, foi Programa de Subvenção ao Prêmio do Seguro Rural (PSR), um dos principais instrumentos do Mapa para promover a seguridade agrícola no Brasil, funcionando como um incentivo financeiro que reduz o custo do seguro rural para os produtores. “Em 2024, a subvenção do PSR foi de mais de um bilhão de reais. Desde a efetivação do programa em 2006 até hoje, foram 1,7 milhão de apólices contratadas e mais de 290 mil produtores beneficiados. Além de R$ 9,4 bilhões aplicados em subvenção ao prêmio e 28 bilhões pagos em indenização pelas seguradoras aos produtores, sendo 19 bilhões apenas nos últimos 5 anos”, destacou o secretário.
O PSR subsidia parte do prêmio das apólices, geralmente entre 20% e 40%, dependendo da cultura, região e tipo de cobertura (agrícola, pecuária, florestal ou aquícola), com limites definidos no Plano Safra. O PSR é crucial para proteger a renda dos agricultores em anos de adversidades severas, reduzindo o impacto financeiro de perdas e mantendo a capacidade de investimento em novas safras.
Representando os EUA, Tom Zacharias, presidente do National Crop Insurance Services (NCIS), abordou o Federal Crop Insurance Program, um dos alicerces da política agrícola americana. “Com subsídios generosos, parcerias público-privadas e produtos diversificados, o seguro tornou-se indispensável para proteger os agricultores contra a imprevisibilidade do clima e do mercado”, afirmou. O programa cobre riscos como eventos climáticos adversos (seca, chuvas excessivas, geadas, granizo), desastres naturais (incêndios, furacões), pragas, doenças, quedas de preço e falhas no plantio, com apólices adaptadas às culturas seguradas.
Já a acadêmica chinesa Ming Zhu apresentou a China Pacific Property Insurance Co., Ltd. (CPPIC), uma das maiores seguradoras de propriedade e casualidade da China. No segmento agrícola, a CPPIC oferece 2.891 produtos, cobrindo mais de 250 variedades, como grãos (arroz, milho, trigo), oleaginosas (soja, amendoim) e culturas econômicas (cana-de-açúcar, algodão). “Destaco o Guangxi Sugarcane Project, que moderniza a produção de cana-de-açúcar em áreas tropicais com irrigação eficiente, reciclagem de subprodutos e mecanização”, disse Zhu.
O secretário Campos encerrou sua fala reforçando a necessidade de um seguro adaptado aos produtores brasileiros. “Diante das mudanças climáticas, precisamos construir uma proposta coletiva, que nasça do agricultor, passe pelo setor e pelo Congresso, e conte com o apoio dos governos federal, estadual e municipal para atender às demandas do campo”, declarou. Ele destacou a importância do PSR e do Plano Safra para que o agricultor “trabalhe e produza com segurança”.
O XVIII ALASA evidenciou como Brasil, EUA e China, apesar de contextos distintos, convergem na busca por soluções que aliem tecnologia, sustentabilidade e proteção ao setor agrícola, essencial para suas economias.