O Mato Grosso do Sul avança em sua consolidação como protagonista do setor florestal no Brasil com a instalação da primeira fábrica de celulose solúvel no Estado, no município de Bataguassu. O projeto, conduzido pela Bracell, representa um dos maiores investimentos privados do país — R$ 16 bilhões — e marca uma nova fase para a indústria florestal sul-mato-grossense ao abrir portas para cadeias produtivas de maior valor agregado, como a indústria têxtil e química.
Na terça-feira (6), o secretário Jaime Verruck, da Semadesc (Secretaria de Meio Ambiente, Desenvolvimento, Ciência, Tecnologia e Inovação) e o secretário de Fazenda, Flávio César, assinaram o termo de concessão de incentivos fiscais com a direção da Bracell, garantindo segurança jurídica ao empreendimento. Na reunião foram tratados os avanços no processo de licenciamento ambiental da unidade industrial em Bataguassu, que já possui EIA/RIMA (Estudo e Relatório de Impacto Ambiental) apresentado ao Imasul, com previsão de emissão de licença prévia e licença de instalação até dezembro de 2025. Um outro projeto, também em tramitação junto ao Imasul, envolve a expansão da atuação da Bracell no município de Água Clara, aonde o grupo já atua por meio da MS Florestal, com a produção de mudas de eucalipto em uma área de 110 mil metros quadrados.

A planta industrial da Bracell em Bataguassu poderá operar em duas configurações: uma voltada exclusivamente à produção de celulose kraft, usada em papéis e embalagens, com capacidade de até 2,8 milhões de toneladas por ano; e outra, mista, que incluirá a produção de celulose solúvel — um insumo de alto grau de pureza e controle técnico, utilizado na fabricação de fibras como viscose, modal e lyocell, amplamente empregadas pela indústria têxtil sustentável. Para o secretário Jaime Verruck, o projeto tem potencial transformador. “Essa nova unidade representa um salto qualitativo para a nossa base industrial. A celulose solúvel abre mercados mais exigentes e sofisticados, com maior valor agregado e forte demanda internacional”, afirmou.
O avanço do setor florestal em Mato Grosso do Sul não é isolado. Ele é resultado de um conjunto estruturado de ações promovidas pelo Governo do Estado, que incluem incentivos à expansão de áreas com florestas plantadas, fortalecimento da base industrial, qualificação profissional e compromisso com a sustentabilidade ambiental. De 2010 a 2024, a área de florestas plantadas saltou 471%, saindo de 341 mil hectares para mais de 1,6 milhão de hectares, com predominância do cultivo de eucalipto. Nove municípios do Estado concentram 87% dessa produção, compondo o chamado “Vale da Celulose”, um território que se tornou referência nacional e internacional em produtividade, inovação e logística integrada.
Hoje, Mato Grosso do Sul é o segundo maior produtor de madeira em tora para papel e celulose no Brasil, além de responsável por 24% de toda a produção nacional de celulose. O Estado também ocupa a segunda colocação entre os maiores em área plantada de eucalipto, com 1,4 milhão de hectares, e abriga o maior parque industrial de base florestal do país, com 30 indústrias ativas e mais de 7 mil trabalhadores.
A cadeia produtiva florestal movimenta cerca de 27 mil empregos diretos e indiretos e representa 17,8% do PIB industrial do Estado. Em 2023, as exportações de produtos florestais ultrapassaram US\$ 1,49 bilhão, com destaque para a China, que responde por mais de 50% das compras. “Desde 2015, atraímos R\$ 125 bilhões em investimentos, sendo R\$ 65 bilhões apenas nesta gestão. O setor florestal é um dos motores desse crescimento, baseado em uma política pública séria, orientada pela sustentabilidade e pelo alto desempenho produtivo”, complementou Verruck.
Além dos benefícios econômicos, o setor florestal em Mato Grosso do Sul está diretamente ligado aos compromissos climáticos do Estado. Com políticas como o Plano Estadual de Transição Energética e o ProClima, o Estado se comprometeu a ser carbono neutro até 2030. A expansão das florestas plantadas contribui significativamente para a redução das emissões de gases de efeito estufa, consolidando Mato Grosso do Sul como referência em desenvolvimento verde e competitivo.