Com uma programação dedicada ao fortalecimento e à modernização da cadeia produtiva de citros, a Semadesc (Secretaria de Meio Ambiente, Desenvolvimento, Ciência, Tecnologia e Inovação) e Iagro (Agência Estadual de Defesa Sanitária Animal e Vegetal) promoveram na terça-feira (8), um dia de experiências e debates no estande oficial do Governo do Estado na 85ª Expogrande. A iniciativa reuniu produtores, especialistas e representantes de instituições públicas e privadas em torno do tema “Citricultura Sustentável”.
A programação foi aberta com atividades de educação sanitária conduzidas pela Iagro. O destaque ficou por conta de uma experiência imersiva em realidade virtual, na qual o público pôde “visitar” um pomar de laranjas, identificar sintomas da doença HLB (greening) e conhecer alternativas para arborização urbana que ajudem a reduzir a população do inseto vetor da doença, diminuindo o uso de inseticidas.
Além da conscientização, o evento ofereceu orientações técnicas sobre a regularização do cultivo de citros, boas práticas fitossanitárias, produção e uso de mudas de qualidade. Também foi debatida a integração entre citricultura e apicultura como estratégia de sustentabilidade, com benefícios como o aumento da produtividade e a produção de mel de laranjeira. O apicultor Gustavo Bijos destacou o potencial de desenvolvimento dessa cadeia no Estado, apontando o mel sul-mato-grossense como um produto de valor agregado e vocação exportadora.




Combate ao greening e autonomia laboratorial
No período da manhã, técnicos da Iagro, Senar e Fundecitrus discutiram a necessidade de implantação de um laboratório oficial no Estado para diagnóstico da HLB — considerada a doença mais severa da citricultura mundial e atualmente sem cura. A gerente de Defesa Sanitária Vegetal da Iagro, engenheira agrônoma Glaucy Ortiz, alertou para os riscos da demora nos diagnósticos. Hoje, todas as amostras colhidas em Mato Grosso do Sul são enviadas ao Laboratório Federal de Defesa Agropecuária (LFDA), em Goiânia (GO), o que tem gerado atrasos devido à alta demanda.
“Estamos correndo contra o tempo. O greening avança silenciosamente e, sem a confirmação laboratorial, a eliminação das plantas doentes perde eficácia”, afirmou Ortiz.
Segundo o diretor-presidente da Iagro, Daniel Ingold, o Governo do Estado já reservou recursos para estruturar um laboratório em Campo Grande, mas o processo de implantação pode levar até dois anos, devido às exigências legais para aquisição de equipamentos e insumos. A proposta está sendo articulada com instituições parceiras e pode representar um divisor de águas para a citricultura em Mato Grosso do Sul, ao garantir agilidade nas ações de contenção da doença.
Política pública e articulação setorial
No início da tarde, o secretário-executivo de Desenvolvimento Econômico Sustentável da Semadesc, Rogério Beretta, apresentou os avanços institucionais do Estado em nível nacional. Ele destacou a participação ativa de Mato Grosso do Sul na Câmara Federal da Citricultura e anunciou que o próximo passo será a criação de uma Câmara Setorial Estadual, com o objetivo de integrar produtores, pesquisadores, instituições representativas e órgãos de governo.
A programação seguiu com uma reunião técnica entre representantes da Semadesc, Iagro, Fundecitrus, Senar e Crea-MS, voltada à discussão de melhorias na legislação para projetos de citricultura. O grupo reforçou a importância da atuação de engenheiros agrônomos na implementação de medidas técnicas adequadas ao combate ao greening, além da necessidade de políticas públicas específicas para viabilizar a produção entre pequenos agricultores.
Encerrando o dia, o espaço “Conhecimento e Prosa” reuniu público e especialistas em um momento de troca de experiências, networking e nova rodada da vivência em realidade virtual. O encontro reforçou o compromisso do Governo do Estado com o desenvolvimento sustentável da citricultura, por meio da inovação tecnológica, do conhecimento técnico e do diálogo permanente entre os diferentes elos da cadeia produtiva.