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Exportações de carne bovina de MS para os EUA dispararam antes de tarifaço de Trump

A compra de carne bovina pelos Estados Unidos de fornecedores de Mato Grosso do Sul disparou nos meses que antecederam o tarifaço aplicado pelo presidente norte-americano, Donald Trump, apurou o Correio do Estado.

Somente em março, o volume financeiro das compras pelos EUA de carne bovina de MS chegou a US$ 32,9 milhões. No mês passado, já havia a ameaça de tarifação do governo norte-americano a produtos estrangeiros, inclusive os brasileiros.

Especialistas ouvidos pelo Correio do Estado acreditam em uma corrida dos importadores norte-americanos, uma vez que a taxação a partir deste mês era praticamente certa.

Em março do ano passado, as vendas de carne bovina de Mato Grosso do Sul para os Estados Unidos totalizaram US$ 6 milhões. No comparativo entre o mesmo mês deste ano, o aumento foi de 443,07%.

Mesmo em relação a fevereiro deste ano, em que os embarques já foram significativos, houve aumento. No segundo mês deste ano, os EUA compraram US$ 23,4 milhões em carne bovina congelada de Mato Grosso do Sul.

Os números levam em consideração apenas as exportações de carne congelada, não considerando os embarques de carne resfriada, mas eles existem e estão na média de US$ 600 mil por mês.

No comparativo entre os primeiros trimestres, neste ano, as vendas de carne bovina para os Estados Unidos já atingiram US$ 75,3 milhões, enquanto no mesmo período do ano passado representaram US$ 42,7 milhões, aumento de 76,3%.

O movimento de aumento das compras de produtos em geral de Mato Grosso do Sul pelos Estados Unidos é perceptível nos números divulgados nesta sexta-feira pelo Ministério do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços (Mdic).

Neste ano, o Estado já vendeu US$ 139 milhões aos Estados Unidos. A carne bovina, conforme apurou o Correio do Estado, representou, no primeiro trimestre, 53% das compras norte-americanas. Os embarques de carne sul-mato-grossense para portos norte-americanos geraram um caixa de US$ 105 milhões para os exportadores.

O segundo item mais importante na parceria comercial com os Estados Unidos é a celulose. Mas, ao contrário da carne, as compras da celulose produzida em Mato Grosso do Sul cessaram em fevereiro. Ainda assim, no trimestre, foram vendidos US$ 30,7 milhões do produto aos EUA, 22% das exportações de MS para aquele país.

Em entrevista ao Correio do Estado, o titular da Secretaria de Meio Ambiente, Desenvolvimento, Ciência, Tecnologia e Inovação (Semadesc), Jaime Verruck, afirmou que as tarifas comerciais impostas pelos Estados Unidos impõem novos desafios de relação comercial.

“Para que eu continue vendendo pelo mesmo preço, vou ter de comprimir minha margem ou ser mais competitivo”, explicou Verruck ao Correio do Estado.

Balança Comercial

Enquanto os Estados Unidos distribuem tarifas para todo o mundo, a China se consolida como maior parceiro comercial de Mato Grosso do Sul. O gigante asiático é destino de 47% das vendas externas de Mato Grosso do Sul, e os produtos mais vendidos são celulose, soja e carne bovina.

Dos US$ 2,15 bilhões que MS vendeu a outros países no primeiro trimestre do ano, US$ 1,18 bilhão foi de produtos embarcados para a China. O aumento das exportações para a China, quando comparados o primeiro trimestre deste ano com o de 2024, é de US$ 192 milhões ou 19,4%.

O volume financeiro que Mato Grosso do Sul vendeu a mais para a China neste ano é superior ao total comprado pelos Estados Unidos no mesmo período. Os EUA são responsáveis por 5,5% das exportações de MS.

A corrida norte-americana por carne brasileira e o aumento das compras chinesas foram fundamentais para que março fosse o segundo mês em vendas externas de toda a história sul-mato-grossense. O valor comercializado com outros países atingiu US$ 1,11 bilhão. O volume só perde para o US$ 1,21 bilhão de maio de 2023.

Celulose domina

A celulose se firma neste ano como o principal produto da cesta de exportações de Mato Grosso do Sul. Ela é responsável por nada menos que 37% das vendas externas e, no primeiro trimestre deste ano, mais que dobrou o volume comercializado com outros países, quando comparado com o mesmo período do ano passado, passando de US$ 488 milhões em 2024 para US$ 920 milhões de janeiro a março deste ano.

O aumento coincide com a entrada em operação da unidade da Suzano de Ribas do Rio Pardo, a maior planta processadora de celulose em linha única do planeta.

Mesmo com queda de 10% nas vendas neste trimestre, quando comparado com 2024 – um ano que já demonstrava perdas –, a soja é o segundo produto da cesta de exportações de Mato Grosso do Sul em volume financeiro. As vendas externas da oleaginosa somaram US$ 641 milhões, US$ 72 milhões a menos que no ano anterior.

A carne bovina se firma como o terceiro produto mais exportado por Mato Grosso do Sul, com uma fatia de 13% na cesta de produtos. As vendas aumentaram 34,4% e, nos três primeiros meses deste ano, atingiram US$ 339 milhões – US$ 86,7 milhões a mais que na mesma época do ano passado.

Desses US$ 339 milhões, US$ 105 milhões, quase um terço, tiveram como clientes estabelecimentos sediados nos Estados Unidos, que, a partir deste mês, terão taxa aplicada de 10% aos produtos locais.

Correio do Estado

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