Mato Grosso do Sul vive uma verdadeira revolução industrial, com uma carteira estimada de R$ 105 bilhões em investimentos privados em andamento ou anunciados para os próximos anos. Os números foram apresentados hoje (07) pelo secretário de Estado de Meio Ambiente, Desenvolvimento, Ciência, Tecnologia e Inovação (Semadesc), Jaime Verruck durante o lançamento do Observatório da Indústria da Fiems, que vai funcionar no prédio da IEL, da Fiems.
O lançamento faz parte da programação do mês da indústria, divulgada hoje pelo presidente da Fiems, Sérgio Longen. Durante coletiva de imprensa que teve a presença do governador do Estado, Eduardo Riedel, foram apresentados os principais indicadores econômicos da indústria, os novos investimentos privados no setor industrial e as discussões mais recentes sobre sustentabilidade e transição energética em Mato Grosso do Sul.

Participaram da coletiva o secretário de Estado de Meio Ambiente, Desenvolvimento, Ciência, Tecnologia e Inovação (Semadesc), Jaime Verruck, o secretário de Estado de Governo e Gestão Estratégica, Rodrigo Perez, e membros da diretoria do Sistema Fiems.
Durante sua fala, Verruck discorreu que os aportes abrangem áreas como celulose, bioenergia, proteína animal, irrigação e diversificação agrícola, e devem impulsionar o crescimento econômico do Estado para 4,8% em 2025, segundo projeção da Semadesc.
Titular da Semadesc Jaime Verruck destacou os investimentos no Estado
“Esse volume de investimentos representa uma mudança profunda na estrutura produtiva do Mato Grosso do Sul. Estamos falando da consolidação de uma nova matriz econômica, mais diversificada, sustentável e com alto valor agregado”, afirma Jaime Verruck, secretário da Semadesc.
Celulose: protagonismo global com projetos bilionários
Na lista dos projetos de maior impacto está o setor de celulose. O último grande anúncio foi nesta semana da instalação da Bracell, em Bataguassu, com um investimento de R$ 20 bilhões (US$ 4 bilhões). A nova planta terá capacidade de produzir 2,8 milhões de toneladas de celulose, sendo metade de celulose solúvel — usada na fabricação de viscose, voltada à indústria têxtil — e metade de celulose convencional, utilizada em papel.
“Será a nossa primeira fábrica de celulose solúvel no Estado, um produto com demanda crescente no mercado mundial”, destaca Verruck. Para operar, a unidade exigirá uma base florestal de 300 mil hectares de eucalipto.
Outra gigante do setor, a Arauco, também iniciou seu projeto em Inocência, com investimento de US$ 4,6 bilhões e capacidade de 3,5 milhões de toneladas. “Essa será a maior planta de celulose do mundo construída de uma só vez. O impacto no PIB estadual pode chegar a 5%”, enfatiza.
As duas fábricas vão gerar juntas cerca de 12 mil empregos diretos e indiretos cada uma, além de envolver até 17 mil trabalhadores no pico das obras. O Estado ainda analisa o licenciamento de uma terceira planta, em Água Clara, consolidando sua posição como polo global do setor.
Bioenergia em expansão: etanol de milho e açúcar ganham força
O setor de bioenergia também vive um ciclo de expansão. O Estado conta com 22 usinas em operação, com a adição recente de novas unidades em Anaurilândia e Paranaíba. Há ainda três novos projetos de etanol de milho, em Nova Alvorada do Sul, Costa Rica e um terceiro em negociação, cada um com investimento estimado em R$ 1 bilhão.
“Com isso, o milho, que antes era majoritariamente exportado, passa a ser transformado aqui mesmo, agregando valor e impulsionando outras cadeias produtivas”, avalia Verruck.
Proteína animal: suinocultura e piscicultura avançam
Na suinocultura, a JBS investe R$ 1,2 bilhão para ampliar sua planta em Dourados, elevando a capacidade para 10 mil suínos por dia. A Aurora também expande sua operação em São Gabriel do Oeste, de 3 mil para 5 mil suínos por dia.
Para fortalecer a cadeia, o Estado criou o programa MS Day Coop, incentivando cooperativas como a Alfa e a Copérdia a se instalarem em municípios estratégicos, com mais de R$ 200 milhões em investimentos.
A piscicultura também entra no radar, segundo o comentou o secretário, com três frigoríficos já em operação e potencial de crescimento, especialmente na produção de tilápia.
Diversificação agrícola e indústria de transformação
Com o programa MS Irriga, o Estado investe na irrigação como vetor de diversificação produtiva. Um exemplo é a citricultura, que já soma 35 mil hectares plantados e está pronta para atrair grandes indústrias de suco. “Com essa base produtiva, grandes players como Cutrale, Citrosuco e Louis Dreyfus já demonstram interesse”, afirma Verruck.
Na cadeia do amendoim, o Estado já é o segundo maior produtor do país, com 8% da produção nacional, e está prestes a receber quatro beneficiadoras em Chapadão do Sul, Glória de Dourados, Angélica e Bataguassu.
Industrialização com foco em valor agregado
A estratégia do governo estadual é clara: industrializar para transformar. “Queremos agregar valor à nossa produção primária. Já estamos negociando a instalação de uma fábrica de tissue, que transforma a celulose em papel A4, higiênico e guardanapos. Isso é verticalização da produção”, explica Verruck.
Com um ambiente de negócios favorável, políticas públicas consistentes e infraestrutura em expansão, o Mato Grosso do Sul se consolida como o estado que mais atrai investimento privado no Brasil.